Um mau exemplo

Edição n°67

Por Dr. João Luiz

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O que se viu em Brasília na semana que se finda foi um espetáculo grotesco de falta de civilidade que mais serve de ameaça do que de ajuda à democracia. Quebra-quebra e incêndio promovidos em bens públicos são atos que demonstram claramente falta de respeito ao próprio patrimônio. É bem possível que aqueles que praticaram tais atos não tenham parado para refletir sobre a origem dos recursos necessários para a construção e manutenção dos prédios danificados.

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Não há justificativa aceitável para atos de vandalismo praticados sob o argumento de que se está defendendo interesses legítimos da sociedade. Todos terão de pagar pelos prejuízos, inclusive os desavisados que os provocaram. É preferível pensar que o fizeram por ignorar que estavam destruindo os próprios recursos do que imaginar que agiram de forma consciente. Enquanto se reclama da falta de caráter dos políticos corruptos praticam-se atos tão condenáveis quanto os deles, subtraindo recursos públicos que poderiam ser utilizados para melhoria de serviços à população.

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Nossa democracia ainda é extremamente frágil para que se brinque com ela, e atos de baderneiros somente servem àqueles que pretendem coloca-la em risco ainda maior. Aqueles que eventualmente desejam a continuidade da instabilidade certamente estão muito satisfeitos com as últimas ocorrências. Creio que os últimos acontecimentos políticos têm deixado um saldo de perplexidade generalizado. Entretanto, o caminho para manifestar indignação não pode ser aquele que contraria a lei e a ordem.

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Nossa história das últimas décadas evidencia que quando o povo brasileiro deseja consegue promover mudanças inimagináveis. Porém, isto somente tem sido possível quando se manifesta pacificamente. Promover a baderna somente beneficia os que podem tirar proveito da desordem e desejam desviar o foco dos reais problemas brasileiros. É necessário que os oportunistas, independentemente da coloração política, tenham um olhar também para o passado para não caírem na tentação das promessas de mudanças fáceis, que tanto desalento já nos proporcionaram.

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Os problemas que a política atual tem revelado estão longe de convidar ao comodismo e à inação. Mas é necessário que haja ordem, mesmo para protestar. Temos todas as condições de superar nossas mazelas. Apenas devemos fazer uso dos meios adequados. Caso não consigamos abreviar uma solução por meios pacíficos e ordeiros antes que venham as eleições previstas no calendário regular, que ao menos tenhamos a prudência de, no momento do voto, darmos a devida resposta aos políticos atuais. Em nenhuma hipótese devemos nos deixar levar pelos maus exemplos que grande parte deles tem nos dados com a prática de atos ilegais.

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