Edição n°76
Há meses o Ministro Henrique Meirelles vinha advertindo que não estava descartada a elevação de tributos para fazer face ao equilíbrio do orçamento público. E o aumento veio no último dia 20, com o anúncio da elevação do PIS/Cofins sobre os combustíveis. O Governo escolheu aumentar um imposto indireto cuja percepção da população é atenuada, vez que grande parte não tem a correta percepção dos seus reflexos no dia a dia.
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Mas é importante que se tenha a consciência dos reais reflexos da elevação dos preços dos combustíveis. As consequências serão sentidas no bolso de cada indivíduo, de uma forma ou de outra. Basta ter em conta que o Brasil é um país de dimensões continentais, dependente fundamentalmente do transporte movido a combustíveis que passarão a custar mais caro a partir dessa majoração. Desde o alimento que vai à mesa do mais simples brasileiro até o usuário do automóvel de luxo, todos sofrerão os reflexos.
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Já se notam manifestações de autoridades públicas fazendo referência à insustentabilidade dos preços dos transportes públicos após o aumento dos preços dos combustíveis. Esta é uma evidência do que poderá vir pela frente como consequência da elevação tributária, que pode estar sendo percebida pela sociedade como um aumento que atingirá apenas quem faz uso de automóvel. A questão é muito mais complexa. O aumento poderá refletir até mesmo na conta de energia elétrica, já que em períodos de escassez de chuvas, algumas termoelétricas poderão ter o custo de geração elevado.
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Ademais, os reflexos nas taxas de inflação serão inevitáveis. Ainda que a taxa atual de inflação esteja sendo festejada como a mais baixa dos últimos anos convém observar que isto não se deve à eficácia de políticas de contenção inflacionária, mas sim como consequência da queda da atividade econômica e perda de renda gerada pelo alto índice de desemprego. E não é necessário ser economista para percebê-lo, pois os sinais são evidenciados em dados estatísticos que são noticiados diariamente.
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Convém esclarecer que não se pretende com isto tecer críticas irresponsáveis sobre as medidas que vêm sendo tomadas pela equipe econômica, pois sabe-se que o Brasil vinha trilhando um caminho rumo ao abismo, vitimado por uma política patrimonialista desmedida. Porém, não se pode viver a ilusão de que existem soluções mágicas para situações graves, e medidas tomadas por um governo em situação de grave instabilidade e baixíssimos níveis de popularidade precisam ser devidamente assimiladas.
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