REFLEXÕES SOBRE AMORES QUE SE VÃO

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Edição n° 37

Por Adailton Ferreira

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Cabe aqui registrar. Mesmo porque nesta vida, quem já não se viu diante de um amor que já se foi? A quem tem seu amor e sente que ele não irá tão cedo (nem agora, nem nunca!), pegue estas linhas como um conselho _e dos bons. Quem já teve alguns (e nem precisa dizer que perdeu a conta) em algum ponto, creio que irá concordar comigo. Mas falar de amor é sempre bom, nisso todos nós temos que concordar. Contudo, estou falando da palavra em sua plenitude “Amor”. Ficam fora deste contexto os “quebra-galhos”, os “ficantes”, os “beliscos”, e outros “lances” a mais, que nada têm a ver com a essência que compõe este sentimento. Companheirismo, harmonia, respeito, prazer, cuidado e atenção; eis algumas palavras que não podem faltar para os amores que não se vão. E entre elas, não há aquela que é mais importante: faltando uma delas, todas as outras tendem a sofrer abalos graduais. Pode ser até que de tão imperceptível, no seu dia a dia, esse “Amor” continue a resistir a uma ruptura súbita, abruta, estrutural. Neste caso, é muito bom que uma conversa aconteça; e que venham os “remendos”, as dicas, os conselhos e, por que não, os tratamentos. O amor quando adoece parece que ele tem mais de cento e vinte anos. E para ilustrar tudo isso, uma cena, claro; para fixar melhor, tudo que está contido nesta crônica:

Estava em um terminal rodoviário, ainda outro dia, quando visualizei um casal. Não estavam de mãos dadas, se via. Contudo, as alianças nas duas mãos esquerdas, de tão grossas e reluzentes, ambas, iguais, davam a dica de que eram casados. Bem à minha frente, o marido parou e disse alguma coisa para a esposa. Ela não entendeu as palavras ditas em voz baixa: voz de relaxo. E, claro, do meu canto, eu também não. Creio que ele quis dizer que estava indo ao caixa eletrônico, pois foi para um deles que ele tomou a direção. Ela ficou parada, sem saber o que fazer. Também não disse nada: tomou o rumo para frente e foi na direção de uma das escadas. Lá embaixo ficavam os banheiros. Pensei: “deve ter ido pra lá”. O marido voltou; olhou para as bandas, olhou para os lados, e esbravejou: também não sei o quê. Seguiu para o lado oposto, girou, girou, e retornou para o ponto de partida. Parou, refletiu, e seguiu para o lado certo. Pelos gestos das mãos, dos braços, parecia que ia muito irritado. A coisa parecia que ia acabar mal. Lá embaixo devem ter se encontrado, só pode. E eu pensei; inevitável:

Este amor está muito frágil, está pálido, está tossindo; parece estar chegando ao seu final!