DIFERENÇAS ENTRE GRÚNDIO E “GERUNDISMO”

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Edição n° 21

Por Fabiana Rodovalho Nemet 

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Há algumas semanas que o jornal Folha Carapicuibana vem recebendo e-mails enviados pela técnica de enfermagem ,“Luciana dos Santos”. A leitora do jornal, filha de um servidor público aposentado e líder de moradores de um determinado bairro da cidade de Carapicuíba há mais de 30 anos, reside na região da Vila Dirce e trabalha em um hospital localizado na cidade de Osasco.  Segundo Luciana, assim como seus colegas de trabalho, tem ficado confusa devido aos erros de português cometidos por alguns colaboradores do hospital, incluindo seus superiores, tais como enfermeiros padrões e coordenadores – dentre eles, alguns médicos.

Na mesma oportunidade, o irmão de Luciana – que prefere não se identificar – elenca praticamente os mesmos erros, os quais são também cometidos por alguns “mestres” da faculdade em que cursa graduação – acreditem – em Direito, localizada na capital.

Devido ao afastamento temporário do colunista oficial das colunas S.O.S. Prefeito e Destaque da Semana, contudo, o jornal Folha Carapicuibana sanará as dúvidas da técnica de enfermagem como sendo um destaque do jornal, tendo em vista que, para o mundo corporativo, o domínio da língua portuguesa é fator determinante, onde o candidato a uma vaga de emprego deverá evitar ambiguidades ou falhas gramaticais.

A exemplo do caso relatado pelo estudante de Direito, irmão de Luciana, uma comunicação eficaz e “sem vícios” é imprescindível, quer seja para o profissional, quer seja para a empresa: há várias formas de comunicação existentes, as quais demonstrarão o domínio da língua. Estas formas variam desde o preenchimento de documentos a uma aula ministrada por um profissional de determinada área ou, ainda, um diálogo entre clientes; por meio de uma ligação telefônica; de carta e, principalmente, por e-mail.

De modo geral, a melhor solução para que se detenha o domínio da língua portuguesa é fazendo leituras diárias, pouco importa o que se lê. Para escrever corretamente e com desenvoltura, não há outra forma: adquira o hábito da leitura. Confie. Comece a ler diariamente. Todos são capazes, basta querer!

O emprego correto do gerúndio

A começar pelas confusões linguísticas, denotando um erro que, infelizmente, se popularizou já há algum tempo, o Jornal Folha Carapicuibana disseminará alguns pontos a fim de distinguir a forma correta da forma equivocada ao empregar o “gerúndio” nas modalidades oral e escrita. 

O gerúndio, também chamado de “presente perfeito”, é uma forma verbal mais conhecida como “forma nominal do verbo”, acompanhando o infinitivo e o particípio (as formas nominais do verbo nada mais são que o gerúndio, o infinitivo e o particípio). Esta forma verbal é identificada pelos verbos terminados em “ndo” (fazendo, falando, agendando, vendo, verificando, comendo etc), portanto indica uma ação que está em andamento; algo que ainda não foi finalizado. Ex.:

  1. Estou fazendo a sua ficha;
  2. Estou agendando a sua consulta;
  3. Um minuto porque estou verificando a situação.
  4. Ouvi o cantor cantando durante o dia;
  5. Eles chegaram chamando os aprovados;
  6. A criança ficou brincando em casa;
  7. A criança está brincando em casa;
  8. Os jogadores estavam perdendo a competição.
  9. O jogador está perdendo a competição.
  10. Estou viajando para o exterior, ainda não cheguei ao destino.
  11. O problema está sendo resolvido na empresa;
  1. Exemplo de gerúndio utilizado em tempo verbal composto:

Estou agendando a sua consulta.

  1. Exemplo de gerúndio sozinho com função de advérbio:

Agendando sua consulta ainda hoje, haverá prioridade de atendimento.

Em ambas as maneiras, o gerúndio tem necessariamente que indicar uma ação que está acontecendo naquele instante em que se comenta sobre ela, isto é, uma ação que está em andamento.

“Gerundismo” não existe!

O gerúndio jamais poderá ser empregado a fim de reforçar a ideia de progressividade no futuro, isto é, indicando ações que ainda acontecerão – isto é bem diferente de ações que estão acontecendo.  Infelizmente, é desta forma que nasce o vulgo “gerundismo”:  é algo que não existe na língua portuguesa!

  1. Estarei fazendo a sua ficha
  2. Posso estar fazendo a sua ficha
  3. Estarei agendando a sua consulta;
  4. Eu posso estar verificando a situação.
  5. Eles poderão chegar chamando os aprovados;
  6. A criança pode estar brincando em casa;
  7. O jogador poderá estar perdendo a competição;
  8. O jogador estará perdendo a competição;
  9. Poderei estar viajando para o exterior;
  10. O banco vai estar depositando o seu dinheiro;
  11. O cantor vai estar cantando a nova música;
  12. O problema vai estar sendo resolvido na empresa.

Para não esquecer:

Nestes últimos exemplos há uma confusão linguística explícita por indicarem ações que ainda acontecerão, no entanto, essas frases estão completamente erradas, pois, evidentemente que se tal fato ainda irá acontecer, O GERÍUNDIO NÃO SERÁ EMPREGADO NA FRASE!

Os exemplos anteriores elencam a maneira correta de falar ou escrever as frases acima, USANDO O GERÚNDIO. Mas vale ressaltar que, naqueles exemplos, as ações estão acontecendo.

Veja outras formas CORRETAS de falar ou escrever estas frases sem usar o gerúndio (pois se tal fato ainda irá acontecer, NÃO SE PODE USAR GERÚNDIO):

  1. Irei fazer a sua ficha;
  2. Poderei fazer a sua ficha;
  3. Irei agendar a sua consulta;
  4. Posso verificar a situação;
  5. Poderei verificar a situação;
  6. Irei verificar a situação;
  7. Verificarei a situação;
  8. Eles poderão chegar e chamar os aprovados;
  9. O jogador poderá perder a competição;
  10. O jogador perderá a competição;
  11. Poderei viajar para o exterior;
  12. Viajarei para o exterior;
  13. Estou viajando para o exterior;
  14. O banco depositará o seu dinheiro.
  15. O banco poderá depositar o seu dinheiro;
  16. O banco irá depositar o seu dinheiro;
  17. O cantor irá cantar a nova música;
  18. O cantor cantará a nova música;
  19. O problema será resolvido na empresa;
  20. O problema poderá ser resolvido na empresa;

Para fazer a referência deste artigo em trabalhos escolares ou acadêmicos:

NEMET, Fabiana Rodovalho “Diferenças entre gerúndio e gerundismo”: Folha Carapicuibana. Disponível em <http://folhacarapicuibana.com.br/2016/07/11/diferencas-entre-grundio-e-gerundismo/>. Acesso em 11 de julho de 2016.