Edição n°56
.
Que no momento em que estamos em ação a nossa capacidade de reflexão fica prejudicada é uma verdade reconhecida. Muitas vezes nos ocorrem reflexões do tipo: “eu deveria ter pensado antes” ou “se tivesse pensado antes, não teria agindo assim, não teria feito isto”. E não pensar antes pode significar consequências graves e irreversíveis. Isto deve servir de fundamento e de motivação para que se desenvolva o hábito de refletir sobre o que é verdadeiramente importante e sobre o que não deve se apoderar da nossa capacidade de reflexão. Melhor dizendo, não permitir que fatos ou coisas de menor importância ganho significância, drenando nossa capacidade de reflexão.
.
É claro que isto não é assim tão simples, mas também não é tão complicado. Apenas exige exercício permanente sobre o que é ou não de real importância. Não se trata de receita de autoajuda, mas sim de realidade a ser comprovada por qualquer pessoa. Na medida em que passamos a considerar determinados comportamentos condenáveis ou desprezíveis passamos automaticamente a afastá-los do nosso modo de agir. É este senso de reprovação que nos afasta das práticas imorais condenáveis pela sociedade e vai moldando nosso modo de ser.
.
Isto ganha maior importância na medida em que nos vemos cada vez mais envolvidos em relações tão diversificadas que dificilmente estamos preparados para ter atitudes imediatas e acertadas para cada situação. É o que a vida moderna nos oferece. Por isto é importante estarmos atentos para os desafios impostos ao nosso equilíbrio. Diante de cada situação devemos parar e pensar: no que isto realmente importa? Que consequência, boa ou ruim, isto poderá me trazer?
.
Todos os dias, a cada momento, situações dessa ordem se apresentam a cada um de nós. Na maioria das vezes, evitá-las depende apenas de uma breve reflexão. Uma ofensa gratuita, uma “fechada” no trânsito, uma pequena discussão familiar, um desentendimento qualquer pode descambar em briga de graves consequências. Um pedido de desculpas, o reconhecimento de um erro, ou simplesmente ignorar uma provocação tem o poder de evitar maiores problemas. Mas para isto é importante desenvolver o hábito da tolerância e da capacidade de ignorar o que não é realmente significativo para nossa vida. Na medida em que desenvolvermos tal consciência veremos reduzida a frequente transformação de banalidades em cenas de violência e tragédias que ilustram as páginas policiais.
.