QUEM SOMOS

A entidade nasceu como uma aliança para fortalecer os
vínculos da comunidade que sofria grande vulnerabilidade social. Hoje, a
Associação da Vila Ilhéus desenvolve um trabalho muito importante na área
social, atuando há 20 anos. Ela executa projetos que atendem crianças,
adolescentes, idosos e suas famílias, fazendo mais de 2.000 atendimentos por
mês.
MISSÃO: Contribuir na criação de condições e oportunidades que possibilitem o
desenvolvimento sociocultural de crianças em situação de vulnerabilidade,
gerando transformação social.

VISÃO: Proporcionar valores para que as crianças em situação de
vulnerabilidade social atinjam seu pleno potencial, transformando-os em
cidadãos éticos, íntegros e moralmente corretos.

VALORES: Responsabilidade social, ética, integridade, comprometimento,
respeito à diversidade, autonomia e transparência.

COORDENANDO COM AMOR

Com duas décadas de existência a Associação da Vila Ilhéus conta com a
colaboração de 09 funcionários na realização de suas atividades, entre eles está
a Célia Maria de Lima e Carvalho, 48, atual coordenadora. Ela trabalha na
Associação há 11 anos e é um dos braços fortes da organização dos projetos e
apoio à comunidade.

“Eu comecei como psicóloga do projeto e hoje eu atuo como coordenadora
técnica e como coordenação geral, então eu sou meio que faz tudo, mas trabalho
realmente na parte burocrática de fazer acontecer”, diz Célia.

O principal projeto da Associação se chama Criança Cidadã do Futuro, que
abrange aproximadamente 100 crianças por mês com oficinas de dança,
informática, prática esportiva, educação cidadã e cultural. Este projeto se iniciou
no ano de 2001, mas foi somente no ano de 2019 que conseguiu entrar para o
grupo do Criança Esperança e assim conseguir verba e auxílio para melhores
condições de atendimento.

As responsáveis em inscrever o projeto no site do Criança Esperança foram
Célia Maria e Márcia Regina de Souza, 52. Elas tiveram essa ideia para tentar
conseguir algum auxílio e melhoria para as crianças. Ela lembra a dificuldade
que foi para fazer todo o processo de inscrição, as muitas etapas que tinham que
ser seguidas, o passo a passo online, depois o envio de documentos pelo
correio, até que a inscrição fosse efetuada corretamente. A chance de ser
beneficiada era remota, pois o número de concorrentes era muito grande.

“Um belo dia eu estou aqui (sala da coordenação), abri o e-mail como abro toda
manhã e vi o e-mail: parabéns vocês foram contemplados no Criança Esperança.
Eu não acreditei. Foi maravilhoso”.

O benefício veio no momento certo, porque nesse mesmo ano houve um corte
de 70% da verba enviada pela prefeitura. Essa redução afetaria todo o
gerenciamento da Associação e, consequentemente, as crianças que usufruem
de toda estrutura.

Além de cuidar para o perfeito funcionamento da Associação, Célia mostra um
carinho muito grande com as crianças e um cuidado que ultrapassa as linhas
institucionais. Ela possui um olhar individual sob as necessidades de cada
criança, uma vez que visa observar e participar do dia a dia delas.

Célia comenta: “Se eu for falar uma necessidade básica, tem várias, mas eu
acho que elas têm muita necessidade financeira, a gente tem criança que vem
para almoçar aqui, ou para tomar café, porque muitas não tomam café em casa
ou não almoçam em casa (choro)”.

Ela percebe que está realizando o seu papel de forma coerente quando
reconhece os resultados através das próprias crianças: “só o fato de você ver
uma criança sorrir já é um grande norte. Não importa se a gente não conseguir
atingir as 100, se dessas 100 a gente conseguir fazer alguma coisa para 20 já é
um grande trabalho. Você vê o resultado, vê como essa criança entra e como
sai, como ela cresce na escola, como se desenvolve. Acredito que a missão da
instituição é essa, fazer com que a criança que está com uma vulnerabilidade
consiga melhorar de alguma forma”.

OPINIÃO DE QUEM FREQUENTA E ENTENDE DO ASSUNTO

A rotina dentro da Associação da Vila Ilhéus é feita através de funcionários,
professores, beneficiários, pais e colaboradores que, com muita persistência e
dedicação, alcançam diariamente metas estabelecidas e ultrapassam algumas
vezes seus próprios limites.

Uma beneficiária que participa desde os sete anos, Karen da Consolação
Ferreira de Sousa, hoje com 15, não esconde o quanto gosta de fazer parte
desse time e comenta: “a Associação representa muita coisa, adoro todo mundo,
todo mundo é bem legal comigo”. Com seu jeito mais extrovertido de adolescente
mostra em suas expressões o carinho que tem com todos os profissionais que a
cercam.

Anderson Kevin Ramos Coaquira, 16, que participou das atividades da
Associação Vila Ilhéus até o ano passado fala com firmeza sobre a ONG. Ele
diz que além de gostar bastante das aulas e fazer novas amizades, seus pais
também tem um motivo a mais para agradecer: “eles apoiavam porque acham
melhor do que eu ficar na rua”. Esta é outra benfeitoria para a comunidade, já
que funciona no contra turno escolar e permite que as crianças tenham um local
seguro e educativo para permanecerem, ocupando o corpo e a mente com ações
positivas para o seu bem-estar presente e futuro.

Ao conversar com uma beneficiária mais nova, a história também se repete,
mudando apenas a forma de se comunicar. Vitória Beatriz das Neves Moura, 09
anos, explica com sua voz baixinha e tímida que as atividades mais legais os
dias de atividade esportiva na quadra. Ela vem acompanhada com seu irmão
mais velho que também é aluno, mas não ficam juntos: “ele fica com os grandes,
eu fico com os pequenos”.

Não há dúvidas de que as crianças apoiam a ideia de passar três horas fazendo
atividades orientadas, mas não somente elas. Os pais não escondem a gratidão
que têm à Associação por proporcionar aos seus filhos momentos educativos e
de convivência. Isso é observado no relato de Débora Pereira da Silva, 40: “Se
fosse explicar aqui com uma palavra seria dedicação, muita dedicação”.

Débora é mãe da Mayara Toreli Pereira, 15 anos, diagnosticada com deficiência
intelectual, autismo leve e desvio mental leve. Ela ingressou em fevereiro do ano
retrasado e já é visível a mudança em seu comportamento: “ela se desenvolveu
muito. Estava muito deprimida, se sentia muito sozinha, aqui deixou ela muito
esperta. Gosta mais daqui do que da casa dela, o dia que ela não vem ela chora
o dia inteiro, ela ama aqui”.

No início, Débora ficava bastante apreensiva a respeito da adaptação da filha
com a própria Associação e vice-versa. Entretanto, isso foi logo superado e
pôde-se perceber que a interação foi bem mais tranquila do que ela imaginava.
“A gente que é mãe de criança assim tem uma preocupação a mais né, eu
pensava: ai como ela vai ao banheiro, como vai fazer as coisas sozinha etc., mas
depois de um mês eu já me acostumei; eu deixo ela aqui, vou resolver minhas
coisas, vou ao médico e para mim aqui é tudo. Eu amo esse lugar, é a minha
segunda família”, comenta.

Ao ser perguntada sobre sua reação caso a ONG deixasse de existir, a mãe da
Mayara responde fervorosamente: “Eu ficaria sem chão! Porque eu não ia nem
saber como explicar isso para ela, ela já odeia sábado e domingo porque não
tem atividade. Nossa, eu nem saberia o que fazer”.

ASSOCIAÇÃO DA VILA ILHÉUS COMEMORA 2 DÉCADAS DE FUNCIONAMENTO

Neste ano de 2021, a Associação Vila Ilhéus está completando vinte anos de
funcionamento na cidade de Barueri. Desde sua fundação nos anos 2001 até os
dias de hoje, muita coisa mudou em benefício da comunidade que leva o seu
nome.

No início, a proposta da Associação era proteger e lutar pelos direitos dos
moradores da comunidade, mas com o passar do tempo, foi sendo observada a
necessidade de ampliar a área de atuação e alcançar de maneira prioritária as
crianças e adolescentes da região.

Um dos fundadores da Associação, Antonivaldo Rios Gomes, hoje com 54 anos,
conhecido popularmente como Kascata, relembra como foi difícil o começo, uma
vez que tudo partiu da notícia de que a área livre onde ele e mais de cem famílias
moravam seria desapropriada: “A nossa comunidade estava na lista da prefeitura
para desapossar as famílias e colocá-las em outro local, foi aí que a gente
percebeu que teríamos que nos organizar para evitar que aquilo acontecesse”.

Depois de perceber a força que os moradores tinham e a importância de lutarem
juntos por seu espaço, a comunidade da Vila Ilhéus – situada entre a Rua José
Ilhéus e a Avenida Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão – passou a ser exemplo
de sobrevivência e organização.

Com a resistência dos moradores perante os órgãos públicos, a prefeitura
desistiu de tirá-los dali. A partir desse momento surgia uma forte liderança e
parceria entre os membros da comunidade, da qual Kascata fazia parte. A ideia
de criar uma associação veio logo em seguida desta vitória, já que o povo estava
ainda mais unido e tinha a necessidade de melhorar o cotidiano das crianças
que viviam lá.

O nome da associação foi escolhido por ela estar na rua com o mesmo nome e
também como homenagem às pessoas que eram em sua maioria do estado da
Bahia, em Ilhéus.

No começo havia apenas 20 crianças que ficavam em casa enquanto seus pais
trabalhavam. Assim, tinham atividades para fazer no período que não estavam
na escola. As primeiras atividades aconteceram no salão da casa de um dos
moradores; posteriormente, foram para uma casa também cedida para a
recreação.

Depois de quatro anos, o espaço se tornou pequeno para a quantidade de
atendimentos que estavam sendo fornecidos. Além das crianças da viela,
passaram a usufruir dos benefícios da Associação crianças que moravam ao
entorno e consequentemente seus pais e familiares.

DA INFÂNCIA À VIDA ADULTA: VIVENDO E COMPARTILHANDO HISTÓRIAS E CONHECIMENTO

Ao longo dos 20 anos de existência da Associação, muitas pessoas passaram
por lá e fizeram parte dessa história: funcionários, colaboradores, beneficiários,
pais e a comunidade em geral. Uma pessoa que fez parte desse time e contribuiu
com vontade e conhecimento foi a psicóloga Yolene Pires dos Santos, 33, que
estava presente desde a fundação até o ano de 2018.

Yolene fez parte do pequeno grupo de crianças que iniciaram as atividades na
viela e relata que no começo era tudo muito simples, mas muito divertido: “eu
dançava axé na época e a gente montou um grupo, todos os eventos que tinha
a gente dançava, com isso, eu sugeri para dar aula quando eu tinha mais ou
menos uns 15 anos; era só festa, não via a hora de chegar festa junina para a
gente poder dançar, se divertir”.

Como sempre teve vontade de trabalhar mesmo sendo menor de idade, Yolene
se prontificou para trabalhar como voluntária na ONG, ajudando no que fosse
preciso. Depois, saiu para trabalhar em outros lugares e retornou para a
Associação quando já tinha 26 anos para contribuir de forma efetiva na
administração. Após se formar em Psicologia, recebeu a proposta para atuar na
sua área em 2014, uma vez que já tinha vivência do ambiente e familiarização
com o projeto, ficando lá até o ano de 2018.

“O meu retorno foi um momento muito marcante porque foi quando tudo
começou, eu costumo dizer que lá foi a minha maternal. Tinha vontade de
trabalhar, porém não tinha idade, não tinha conhecimento nenhum e lá eles me
deram oportunidade de ajudar e de aprender. Saber que eu comecei ali e que
pude contribuir depois também foi muito gratificante”, diz.

Ao refletir sobre as mudanças e avanços pelos quais a ONG passou, ela conta
que nunca imaginou que pudesse alcançar as proporções dos dias atuais.
“Embora estive sempre ligada vendo que tinha a intenção de ajudar, a ONG não
tinha recursos, então tudo que era proporcionado para as famílias era por
doações, sempre dependia de terceiros. Se o terceiro não colaborasse, não ia
existir. Então, foi muito esforço da direção de modo geral, das pessoas que
realmente acreditaram e lutaram para estar onde estão”.

A ARTE DE TRANSFORMAR LIXO EM MERCADORIA

O projeto ‘Do Lixo Ao Luxo’ ganha espaço na associação Vila Ilhéus graças ao
um de seus colaboradores e idealizador, Nelson Sá do Nascimento, de 50 anos.
Utilizando unicamente materiais recicláveis, Nelson produz obras de arte com
pneus, espuma de tecidos, metais, madeiras, garrafas pet, etc.

Toda produção feita, de acordo com o artista, não serve apenas como um gesto
para preservar o meio ambiente, mas como ferramenta de capacitação de
pessoas para conscientização nas mudanças de hábitos: “hoje você vê que não
é levado a sério a reciclagem; como sou artesão, eu comecei a fazer algumas
coisas, fiz uma parceria com a associação e montei um ateliê aqui”.

Nelson, assim como os outros colaboradores, está presente na associação
desde a sua fundação. Segundo ele ainda muita coisa boa virá pela frente: “Hoje
tem 20 anos, mas quando você vê como era e o quanto evoluiu… a tendência é
melhorar, acho que tem muitas coisas para acontecer ainda”, finaliza.