Edição março
Por Engª. Fabiana Rodovalho Nemet –– Nº USP 190665
Jornalista – MTB Nº 0086670-SP
N° USP 10141107
Jornalista – MTB N° 0086671
Ensaio Acadêmico destinado exclusivamente ao Grupo de Estudo e Pesquisa Científica do Jornal Folha Carapicuibana
A gripe espanhola, doença mais pujante e assoladora entre as que se alastraram no século XX, atingiu o mundo em 1918-1919, matando milhares de pessoas em todo o mundo. Estima-se que a pandemia aniquilou de um quarto à metade da polução mundial, se caracterizando como sendo a mais mortal da história da humanidade.
O nome “gripe espanhola” se originalizou na Espanha, local de onde saiu as principais notícias do vírus, isso porque o país ficou neutro na primeira guerra mundial (1914-1918), logo, os jornais espanhóis não sofriam censuras como no resto do mundo.
A origem geográfica do vírus é incerta, entretanto, um dos primeiros casos identificados foi nos Estados Unidos, tendo sido no Texas e em Nova Iorque em março de 1918. Após um mês, ele chegou às trincheiras europeias, contaminando o exercito dos aliados, os soldados franceses, britânicos e norte- americanos. Até o mês de agosto do mesmo ano a gripe contaminou a Grécia, Espanha, Portugal, Dinamarca, Noruega, Holanda e a Suécia; dando fim àquilo que os historiadores chamaram da primeira onda da gripe, momento em que tiveram poucas mortes.
A segunda onda da gripe, a qual se iniciou ainda em agosto, foi bem mais contagiosa que a primeira: além de contaminar toda a Europa, se estendeu entre setembro e novembro à Índia, Sudeste Asiático, Japão, China África e Américas Central e do Sul.
A pandemia da gripe espanhola no Brasil
Inicialmente, o Brasil obteve notícias da doença por meio de jornais – assim como o Coronavírus (COVID-19), pois, na ocasião, os brasileiros não deram importância devido à distância do continente europeu.
Decorrente das negligências brasileiras, a doença chegou ao país em setembro de 1918, mais precisamente quando um grupo naval do Brasil foi enviado para dar apoio aos aliados a fim de patrulhar o Atlântico Sul. No retorno, vários marinheiros adoeceram.
Sabe-se que outra entrada da gripe em territórios nacionais pode ter sido por meio de navios ingleses, que atracaram nos portos do Nordeste, mais especificamente no Estado de Recife e Salvador, no mês de setembro. O fato é que em pouco tempo a gripe tomava varias cidades nordestinas, de modo que no mês de outubro a pandemia já estava em todas as grandes cidades, inclusive no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sem conhecer tratamentos, as autoridades solicitavam à população que evitasse aglomerações, o que provocou esvaziamento dos grandes centros urbanos como forma de enviar o contágio.
Os pesquisadores que compõe o Grupo de Estudo e Pesquisa Científica do Jornal Folha Carapicuibana abordaram todos os dados diretamente com a Fundação Getúlio Vargas – FGV, por meio do Centro de Pesquisa de Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC, constatando que o Brasil registrou mais de 35 mil óbitos decorrentes da gripe. De acordo com os documentos registrados, a situação se apresentava de forma ainda mais grave em grandes cidades – como no Rio de Janeiro, maior cidade da época, com quase um milhão de habitantes, contabilizando, em apenas dois meses, cerca de 12.700 mortes.
Durante a crise epidêmica, cientistas, autoridades médicas e sanitárias de várias partes do mundo insistiam incansavelmente na busca de algo que pudesse cessar a pandemia.
Naquele momento, o então Diretor Geral da Saúde, Carlos Deidl, afirmou que era impossível controlar a gripe. Como medida de prevenção, colégios, quartéis e fábricas interromperam suas atividades. As cidades pararam, transfigurando-se em cenários assustadores; um desastre global sem sombra e sem rosto.
Nota:
O Grupo de Estudo e Pesquisa Científica do Jornal Folha Carapicuibana, ressaltando a importância dos pesquisadores que contribuem para seu acervo de estudos, registra, ainda, a eficácia de informações contidas no artigo “A epidemia de gripe espanhola: um desafio à medicina baiana”, de autoria da Professora e pesquisadora do Núcleo de Tecnologia e Saúde/Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia, Christiane Maria Cruz de Souza: