Por Fabiana Rodovalho Nemet Nº USP: 10 14 10 70
Ricardo Boechat: o jornalista que agradava a gregos e troianos
A lucidez perdeu a voz. A verdade perdeu o enredo. O Brasil perdeu a voz da verdade com a morte de um dos poucos homens encorajados desse país. Como um “Dom Quixote solitário”, Boechat combatia as mazelas brasileiras com voz sóbria e crítica ácida, enunciando seus pensamentos de maneira clara e direta. Calou-se a voz.
Em 2018, nós, jornalistas do jornal Folha Carapicuibana, estudantes da Universidade de São Paulo, ao criarmos o GEP – Grupo de Estudo e Pesquisa Científica do Jornal Folha Carapicuibana, fizemos um curso livre com Ricardo Boechat, que procurou nos passar, com muita didática e clareza, seus conhecimentos brilhantes e experiências inigualáveis, em um belo material, diga-se de passagem, elaborado com muita disciplina. Ainda assim, fazia questão de deixar claro que esse curso era apenas “reflexões de um veterano ainda cheio de dúvidas”.
“Esse curso de jornalismo oferece conhecimento a todos os profissionais que já produzem notícias nas plataformas digitais e também ao aluno, já provido de base jornalística, que deseja gerar conteúdo factual e reportagens com base em fontes seguras de informações. O aluno aprenderá a desenvolver seu próprio método de checagem de fontes e as técnicas de uma redação objetiva, imparcial e equilibrada para divulgar um conteúdo, livre das armadilhas atuais da comunicação, com mais credibilidade”. Ricardo Boechat
“Alguém que estava muito próximo. Um representante de todos nós”.
Marlene Santos – Carapicuíba, ao jornal Folha Carapicuibana.
Nesta segunda-feira, 11, poucas horas antes de sofrer um acidente fatal, Ricardo Boechat criticou a cumplicidade do poder Judiciário em não dar celeridade nos casos de desastres e punir os culpados pelas tragédias do País, além de exibir uma bela homenagem da Band aos meninos do Flamengo.
Pouco mais tarde, o Brasil recebeu a triste notícia de sua trágica morte. Um dos poucos jornalistas sérios da atualidade; de humor ferino, inteligência rápida. O Brasil perde em imparcialidade e compromisso e, o noticiário, um pouco do seu brilho. Fica um vácuo no rádio e na televisão, diante de seu jornalismo memorável. Uma voz lúcida e verdadeira, silenciada no ar.
“Boechat, o jornalismo está de luto em um ano difícil, marcado por tragédias no Brasil. Nós, jornalistas-filantropos e ‘aprendizes’ do jornal Folha Carapicuibana, sentiremos falta do seu Café com Jornal. Vá em paz“!
Equipe de imprensa