Edição n°79
O estresse, na opinião de boa parte dos psiquiatras, não precisa necessariamente ser tratado com remédios. Pode ser resolvido com psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Mas as doenças mentais que surgem a partir do estresse, como depressão, Síndrome do Pânico e transtorno de ansiedade generalizada, pedem, sim, acompanhamento psiquiátrico. O neuropsiquiatra Rubens Pitliuk, do Hospital Albert Einstein, explica que medicamentos acabam com os sintomas físicos e melhoram a qualidade do sono. “Com isso, a pessoa tem mais cabeça fria e energia para procurar soluções”, diz.
A depressão é marcada por um profundo e constante sentimento de desesperança e desespero, que interfere na capacidade da pessoa trabalhar, estudar, dormir, comer e realizar atividades antes prazerosas.
A doença ocorre em homens e mulheres de qualquer idade. Porém, acomete mais as mulheres. Há de duas a três mulheres deprimidas para cada homem. Não se sabe ao certo o motivo disso. Os médicos acreditam que haja influência de fatores genéticos e hormonais. Mas também pode ser que a doença nos homens não seja bem reportada, já que eles tendem a procurar menos ajuda. A depressão masculina está mais relacionada à irritabilidade, à raiva e ao abuso de drogas e álcool.
De todas as doenças psiquiátricas, a depressão é a que melhor responde ao tratamento com remédios, com bons resultados em cerca de 85% dos casos. Há diversos tipos de medicamentos usados para tratar a depressão. A maioria alivia os sintomas ao aumentar o fornecimento de substâncias químicas, chamadas neurotransmissores, para o cérebro. Os remédios demoram cerca de duas semanas para começar a fazer efeito e não podem ser abandonados repentinamente, ou há grande chance de recaída.
Já a Síndrome do Pânico é caracterizada por crises de aproximadamente dez minutos em que a pessoa sente tremores, boca seca, taquicardia, falta de ar, mal estar na barriga ou no peito, sufocamento e tonturas, entre outros incômodos. A psicóloga Adriana de Araújo ressalta que quem sofre do mal vive em constante sobressalto, pois não sabe quando os ataques virão. “Além disso, é muito frequente a sensação de que algo trágico, como a morte súbita ou o enlouquecimento, estão por acontecer”.
Os tratamentos, de acordo com Adriana, normalmente mesclam o uso de medicamentos receitados por psiquiatras e técnicas de terapia comportamental cognitiva. A especialista diz que o processo de cura leva entre seis meses e um ano, pelo menos. “A melhora costuma ocorrer entre duas e quatro semanas, mas as alterações biológicas demoram meses para desaparecer. Se o tratamento for interrompido nos primeiros sinais de melhora, 80% dos pacientes vão sofrer recaídas em quatro a seis semanas”, alerta.
Por último, o transtorno de ansiedade generalizada traz um sentimento de agonia inexplicável, que pode estar associado a frio na barriga, aperto no peito, coração acelerado, tremores e falta de ar. Normalmente crônica, acompanhando o paciente por vários anos, a doença causa uma preocupação exagerada com diversas atividades do cotidiano, comprometendo a vida social e profissional da pessoa.
Segundo Pitliuk, para tratamentos curtos usam-se ansiolíticos. “Mas eles não podem ser tomados por muito tempo por causa do risco de dependência”, pondera. Quando a utilização de remédios precisa ser feita por um longo período, prefere-se antidepressivos, neurolépticos ou betabloqueadores, diz. O neuropsiquiatra recomenda ainda psicoterapia, meditação, ioga, tai chi chuan, além de mais prazeres e menos deveres na vida.
Fontes e referência:
- Portal Minha Vida