Entre o desejável e o possível

Edição n°78

Por Dr. João Luiz

Na última terça-feira, dia 8, estive presente como convidado em um evento promovido pelo setor distribuidor de certa área da grande Indústria brasileira, ao qual compareceram o Presidente da República, Michel Temer, o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o Governador do nosso Estado, Geraldo Alckmin. No auditório onde estávamos havia pequenos e grandes empresários, e também muitos trabalhadores.

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Nada demais, pois como se sabe estes eventos são corriqueiros em São Paulo e também em outros Estados, com a presença frequente de personalidades da política nacional. Porém, me chamou bastante à atenção a forma como ficou evidente a coesão entre os discursos do Presidente da República e do Presidente da Câmara dos Deputados, sendo esta sintonia fundamental para aprovação de propostas de governo. Mesmo o Governador se demonstrou afinado com eles. Políticos presentes em eventos e discursando para um grande auditório, expondo ideias atraentes também não representa novidade.

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Entretanto, há que se considerar que havia exatamente uma semana Michel Temer e Rodrigo Maia estavam em foco e com interesses políticos opostos do ponto de vista do poder. Em sessão da Câmara estivera em questão a autorização para que o Supremo Tribunal Federal instaurasse processo contra o Presidente da República, que caso ocorresse, Rodrigo Maia teria assumido a Presidência da República por um período de seis meses, o que não é pouco. Desde que surgiram as primeiras suspeitas de corrupção do Presidente da República a sua manutenção no cargo tem estado por um fio. Muitos analistas políticos davam como certa a sua renúncia. Não apenas não renunciou como vem superando os obstáculos que se lhe apresentam à manutenção no cargo.

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No discurso de terça-feira ouvimos um Presidente da República empenhado em levar avante as reformas estruturais que tanto defende, recebendo publicamente o compromisso do Presidente da Câmara de lutar pela aprovação das mesmas por concordar com elas.  O Governador de São Paulo se posicionou no mesmo sentido. O ponto notável é que aplausos da audiência demonstrou acolhimento das propostas. Na defesa da reforma da Previdência Social, Geraldo Alckmin evidenciou o óbvio que, entretanto, nem sempre é percebido: o Brasil, que já foi um País jovem, já é adulto e caminha para ser idoso, e sustentar uma população idosa com a estrutura atual na Previdência Social não é minimamente viável.

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O que se pode observar da política brasileira, que teve sua estrutura totalmente alterada por ocorrências recentes – uma Presidente da República deposta, um Presidenta da Câmara dos Deputados cassado que foi parar na prisão, um Vice-Presidente da República que assumiu e que experimenta índices de impopularidade nunca vistos – é um ambiente em que a sociedade está propensa a aceitar um governo que, embora distante do desejável, consiga manter o mínimo de estabilidade, adiando a possibilidade de promover mudanças mais significativa para as eleições que se aproximam. Isto é o que se pode depreender da quase ausência de movimentos populares em prol de mudanças no comando do País.

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