Edição n°66
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Há quase dois anos o Brasil vive uma instabilidade que vem alcançando dimensões inimagináveis para uma democracia minimamente estável. Vários pedidos de impeachment de uma Presidente da República eleita em outubro de 2014, tendo um deles sido levado a efeito, concluindo com a deposição da Presidente, que foi sucedida pelo Vice-Presidente, tudo seguindo as regras da Constituição Federal.
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Desde então, a chamada Operação Lava Jato, que já estava em andamento, vem surpreendendo a sociedade com evidências do envolvimento de agentes públicos em atos de corrupção e outros ilícitos, estarrecendo as pessoas de bem. Já havíamos nos manifestado neste espaço (26/12/2016) sobre a conveniência da conclusão da Lava Jato com a maior brevidade possível para o bem da economia, da estabilidade política e da governabilidade. Não somente não chegamos ao fim da Lava Jato como a situação parece se agravar a cada dia.
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As delações de ontem, quarta-feira (por questão de agenda, esta página está sendo escrita na quinta-feira), atingem gravemente figuras expoentes da política, especialmente o Presidente da República. Nessas condições, a sociedade fica a imaginar qual será o desfecho desta fase extremamente crítica da República brasileira. Perplexidade e desolamento tomam conta daqueles que já começavam a emprestar certo crédito às medidas reformistas propostas pelo Executivo, que já refletiam positivamente na economia nacional.
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Difícil imaginar, neste momento, quais serão os desdobramentos do agravamento da crise que se instalou em Brasília. Quaisquer que sejam eles, o Brasil terá de superar um novo período de grandes turbulências, que não deve ser festejado por ninguém, seja de direita ou de esquerda, da situação ou da oposição, pois ninguém se beneficia com tamanha instabilidade, a não ser aqueles que não têm o menor compromisso com o interesse público.
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À margem de toda esta crise fica a indignação da grande maioria da sociedade que todos os dias procura cumprir com seus compromissos de trabalho, se ocupando da produção de bens e serviços que são fontes de geração dos tributos que são escoados dos cofres públicos, de forma direta ou indireta, para atender aos interesses de corruptos e corruptores. A esta maioria da população resta olhar para o País e sentir-se envergonhada pelas atitudes daqueles que elegeu para representá-la no exercício do Poder que, conforme a Constituição Federal, pertence ao povo.
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