Edição n° 64
Por Fabiana Rodovalho Nemet Nº USP: 10 14 10 70
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Com apenas um intervalo de 10 minutos, o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido ontem, dia 10, durou 5 horas, terminando às 19h. Só o interrogatório durou cerca de 3 horas e 20 minutos, sendo iniciado com as perguntas de Moro, juiz da Lava Jato. Em seguida, iniciaram-se os questionamentos do Ministério Público Federal – Procuradoria da República, e, por último, dos advogados das partes.
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O Ex-presidente chegou ao prédio da Justiça Federal a pé, após caminhar por algumas quadras, deixando o local, em uma comitiva de carros, às 19h25m. O forte esquema de segurança não foi o suficiente para impedir que Lula fosse ovacionado pela maioria dos presentes – e abraçado por alguns.
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As respostas de Lula
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Vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico, dona Marisa Letícia faleceu no dia 03/02, no hospital Sírio Libanês, onde já estava internada desde o dia 24/01 em um estado de saúde oscilável. Em alguns trechos do interrogatório, é possível testificar quando Lula faz menção ao acontecimento, deixando claro ao juiz que quem poderia responder a certas questões do tríplex no Guarujá já teria falecido, fato que o impossibilita de responder o que não sabe. Em outras palavras, o ex-presidente, quase sempre alterado, faz questão de deixar claro que, mesmo casado com dona Marisa, nunca teve conhecimento de absolutamente nada, tendo em vista que somente a esposa poderia responder aquelas perguntas – fato este que não será possível devido a sua morte.
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Lula responde embasado no mesmo teor até no momento em que é questionado em prol da rasura de um determinado documento, encontrado em sua residência. De acordo com o ex-presidente, ele também gostaria de saber quem o rasurou, mesmo ciente de que o documento estava em seu imóvel. Todas as suas respostas foram objetadas desta mesma forma. Confira:
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https://www.youtube.com/watch?v=r3rwo4OQsxU
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Abordagens do depoimento
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As informações, a seguir, foram coletadas ontem pela equipe jornalística da “Revista Veja”:
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Triplex
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O tríplex fica no Edifício Solaris, que era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
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A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva (morta em fevereiro deste ano) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu “uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico”, atual Solaris, em abril de 2005.
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Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.
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Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.
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Bens
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A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.
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Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma “apoiadora do Instituto Lula.” Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram “fortes indícios de pagamentos dissimulados” pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda”, mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.
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