Edição n°64
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Sabemos hoje, que cerca de 30% da população obesa apresenta-se sem qualquer alteração metabólica. Ou seja, apesar de estarem bem acima do seu peso ideal, não tem pressão alta, glicose elevada ou colesterol elevado. A este subgrupo de pacientes, convencionou-se chamar de obeso metabolicamente saudável, que chamaremos no decorrer desse artigo de OMS.
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Apesar de ter sido descrita pela primeira vez na década de 80, até hoje não há uma definição universalmente aceita para a condição, o que dificulta um pouco a interpretação dos estudos publicados. Mesmo assim, estudar pessoas com esta característica pode ser muito útil, uma vez que pode abrir caminho para o tratamento dos obesos não tão saudáveis assim. Ou seja, pode permitir, no futuro, o desenvolvimento de novos medicamentos para pessoas com obesidade e que apresentam as alterações metabólicas tidas como clássicas, relacionadas ao excesso de peso.
Particularidades do obeso metabolicamente saudável
Apesar de não se saber ao certo o mecanismo pelo qual isso ocorra, acredita-se que o OMS não apresente alterações metabólicas em função de ter uma sensibilidade a insulina relativamente preservada. Ou seja, apesar de terem ganhado peso, são indivíduos que não desenvolveram a chamada resistência à insulina.
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A reboque disso, não são tão propensos a fatores comuns aos diabéticos, como: a pré-diabetes, diabetes tipo 2, hipertensão arterial (pressão alta), tampouco a terem HDL baixo (o bom colesterol), elevação de triglicerídeos e esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado).
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Sabe-se ainda que apresentam uma menor quantidade de gordura visceral (cerca de 49% a menos) do que os obesos habituais, apesar de terem uma mesma quantidade de gordura corporal total. Curiosamente há uma menor quantidade de massa magra e, apesar disso, a força muscular parece ser maior. Estranho, não?
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Nem sempre, na medicina, o que faz sentido é o que se observa nos pacientes. A quantidade de gordura subcutânea em geral é a mesma, gordura essa considerada protetora contra doenças metabólicas. Sim, é possível que a gordura nos proteja.
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A chamada gordura visceral – localizada mais profundamente no abdome, entremeando órgãos vitais como pâncreas, fígado, coração (gordura epicárdica) – nos torna mais propensos a ocorrência de diabetes, hipertensão e dislipidemia enquanto que a gordura subcutânea nos protege. E é, justamente por isso, que existem, por outro lado, os chamados “magros metabolicamente obesos”. Pessoas com índice de massa corporal normal, porém que apresentam péssimos exames de sangue, apresentando quadros como: pré-diabetes, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, HDL baixo e triglicerídeos elevados.
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São pessoas que, de maneira geral, apresentam aumento da quantidade de gordura visceral e redução da quantidade de gordura periférica. Em outras palavras, pernas finas, pouca gordura em glúteos, culotes e braços, porém com bastante gordura acumulada em fígado, músculo, pâncreas e coração.
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Existe algum benefícios da perda de peso nos OMS?
Alguns estudos mostram que a perda de peso neste subgrupo de pacientes, muitas das vezes não se associa a uma melhora no perfil lipídico e nem na sensibilidade à insulina. Em alguns trabalhos, observa-se até mesmo piora da resistência à insulina.
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No entanto, não se engane! O chamado OMS, talvez não seja lá tão saudável assim. Estudos recentes, mostram que estas pessoas têm um risco de mortalidade por todas as causas maior do que o da população não obesa. Em um estudo no qual 1.758 homens de meia idade foram acompanhados por 30 anos, os chamados OMS apresentaram um risco para eventos cardiovasculares e morte maior do que os indivíduos não-obesos.
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Além disso, os chamados OMS, apesar de não apresentarem complicações no âmbito metabólico relacionadas ao excesso de peso, podem sim apresentar complicações não metabólicas. Complicações ditas mecânicas relacionadas à obesidade. Por exemplo: osteoartrose de joelhos, hérnias de disco e apneia obstrutiva do sono.
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Outro ponto importante a ser levado em consideração é o fato de que muitos destes pacientes, quando acompanhados ao longo dos anos, acabam desenvolvendo as complicações metabólicas, inicialmente ausentes. Daí ter ficado famosa na endocrinologia a frase: “Obeso metabolicamente saudável, até quando?”
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Recomendações
Sendo assim, podemos afirmar sem medo de errar que é fundamental modificar hábitos mesmo nos obesos sem alterações metabólicas. Dieta e exercício já!
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O mesmo que se recomenda para os obesos “tradicionais” deve ser indicado para os OMS. Mais uma vez voltamos ao princípio que norteia a endocrinologia: uma dieta equilibrada e um programa de exercícios são a base de tudo. Isso vale para o tratamento da obesidade, do diabetes, do colesterol elevado e da pressão alta.
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Fontes e referência:
- Portal Minha Vida
- OMS