É carnaval, vamos festejar!

Edição n°54

Por Dr. João Luiz

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Algumas festas ou eventos vão se tornando tão populares e nos apropriamos deles de tal forma que passamos a ter a falsa impressão de que tiveram origem em nossa cultura. Assim é com o carnaval, a maior festa popular brasileira. Na verdade, o carnaval tem sua origem em tempos antigos, muito anterior à chegada de Cabral à Terra de Santa Cruz, tendo sua introdução sido feita no Brasil com o entrudo, festa carnavalesca portuguesa.

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É claro que com o passar do tempo o carnaval brasileiro foi adquirindo características próprias até ganhar a dimensão atual, em que os foliões se permitem a liberdade de travestir os papeis que ocupam na sociedade sem qualquer preocupação, vez que nessa festa pagã não cabe censura moral. O que importa é extravasar alegria sem preocupações outras.

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Tudo muito atraente e divertido. O grande problema é quando a permissividade se faz presente e toma dimensões que extrapolam a diversão, adentrando o campo do desrespeito aos limites do tolerável e do saudável. O clima de festa pode levar à perda de controle e gerar excesso de consumo de álcool e outras substâncias que alteram o senso crítico das pessoas. Como a festa carnavalesca passou a ocupar ruas e bairros residenciais, pessoas que eventualmente não apreciam ou não querem participar ficam sujeitas a transtornos diversos.

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O carnaval é uma festa alegre e popular que deve ser preservada. Além de criar oportunidade de diversão para as camadas menos favorecidas da sociedade, representa grande mostra de criatividade artística, presente nas alegorias às quais muitas pessoas dedicam ano inteiro de trabalho, alimentando o sonho de vê-las encantando toda uma plateia, que não se limita àqueles que as veem de perto, mas que também assistem aos desfiles por televisão. Não se pode deixar de considerar também o carnaval como força motriz do comércio sazonal, pois muitos produtos e serviços têm demanda crescente nos dias de folia.

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Como se vê, o carnaval incorpora grande potencial de benefícios, mesmo para muitos dos que não o apreciam. Por isso, deve ser prestigiado pelo povo e pelo poder público, que tem também a responsabilidade de fiscalizar e atuar por meio dos órgãos de segurança com vistas a evitar excessos e transtornos desnecessários. Aos foliões cabe a responsabilidade de manter a diversão nos limites do razoável, respeitando direitos alheios e se autopreservando para outros carnavais.