Edição n°51
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A frase não é bem assim, mas num lampejo eu a interpretei dessa maneira. Não pela razão de que estejamos, mais do que em outro tempo, numa busca frenética por descobrir a nós mesmos (o que acaba ocasionando desencontros e também encontrões), mas pelo fato interessante, da luta ferrenha que vem sendo travada _no tocante a nós, brasileiros_ na busca pela liberdade e pela conquista, cada vez mais, aos direitos universais, como prega a magnânima Declaração expedida em 1948 pela ONU.
Os artigos que estão lá lavrados são sérios, sérios e belos, e com grandes chances de todas aquelas palavras virem um dia a dar certo (lembrando mais uma vez, no tocante a nós, brasileiros). Digo grandes chances por que para ser consumado tudo que vai ali explícito, é preciso que se entenda que um “direito” só pode ser exercido (com justa validade), se antes, impreterivelmente, cada pessoa cumprir com as suas próprias obrigações.
É muito comum ouvir reclamações do barulho da festa do filho da casa vizinha, até que se venha a fazer uma festa (de arromba) para o primeiro filho. É comum reclamar de um plano de racionamento de água, mas sem ter olhos críticos para as próprias torneiras ou para o tempo do banho que se toma. É comum reclamar da falta de estrutura da esfera pública em torno da saúde, mas é muito difícil ver pessoas se preocupando seriamente com seus hábitos alimentares ou com sua ociosidade corpórea. É comum haver reclamações do baixo nível da educação e do ensino das nossas escolas, mas é muito difícil vermos pais presenteando filhos com bons livros. É comum ouvir reclamações do trânsito caótico das cidades, mas quantos cidadãos optam por deixar seus carros em casa? É comum ouvir reclamações sobre a institucionalização do “lixo televisivo” brasileiro, mas quantos lares conseguem deixar, pelo menos por um dia que seja, o seu televisor desligado? É comum se ouvir críticas ao sistema burlador da Economia brasileira, mas quantos e quantos motoristas não procuram saber dos pontos fixos dos radares de controle de velocidade, em vias públicas, para “driblarem” as multas e outros encargos? É comum reclamarmos dos preços abusivos que os comerciantes nos cobram, mas quantos de nós nos vemos exigindo notas fiscais daquilo que consumimos? É comum criticarmos o comercia ilegal abusivo, a cobrança indevida de alguns serviços, mas qual de nós já não adquiriu um produto pirateado ou então, não nos vimos baixando um programa de forma irregular na rede?
É comum…