MAIS RESPEITO COM O SR° LADRÃO

Edição n°48

Por Adailton Ferreiira

Pode até parecer chalaça; mas achando graça ou não, o fenômeno tem que ser aqui descrito, pois a vida é feita de fatos, de constatações, de ação, e principalmente de acontecimentos. A História por si só, que é o “álbum” oficial e clássico da vida, tenta conciliar tudo isso e mais uma infinidade de histórias e mais histórias.

Indo direto ao assunto, não tenho dúvidas de que as duas profissões mais perigosas do mundo são a de Ladrão e a de Policial. Vão aqui, assim descritas, com letras iniciais maiúsculas, porque assim sugiro o devido respeito às duas. Profissões às quais, a Sociedade cria e recria estereótipos, e que jamais irá fazer esforço para desintegrar (no sentido de deixar de existir), ou pelo menos, que seja, irá tentar um dia, modificar.

Um sempre dependeu do outro (a presença de “um” se justifica pela existência do “outro”), mas cada um tem o seu papel bem definido na sociedade. Um toma, o outro recupera. Um sai correndo na frente, o outro sai correndo atrás. Assim, pelo menos, é o que as convenções exigem que aconteça. São duas das profissões mais antigas do mundo, não resta dúvida. E digo aqui “profissão”, porque assim como todo policial, o ladrão passa também por uma formação gradual, existe também hierarquia nesse meio, e é necessário treinamento, disciplina, e principalmente organização. A aptidão é inata, e a experiência e o conhecimento, importantíssimos. São tão antigos esses dois afazeres, e também universais, que em qualquer lugar em que o Homem habite, os dois _e não somente um_ serão encontrados. São cidadãos, claro; profissionais mais dados às grandes cidades, e que atuam muito pouco nos pequenos centros. E não nos esqueçamos de que ambos, dia a dia, vivem entre delegacias, boletins de ocorrências, entre armas verdadeiras, de aço, e entre um “toma lá da cá” dos diabos. E claro, convivem corriqueiramente com o perigo. Aos policiais, percebo que, com justiça, a sociedade vem fazendo valer a conquista de alguns direitos (apesar de que faltam muitos, faltam muitos); agora, ao ladrão _que não seja confundido com estroinas, canalhas, agiotas, aliciadores de crianças, usurpadores de verbas de merendas escolares, banqueiros gananciosos ou com políticos de diferentes esferas, cabe somente cassetetes, tonfas e chumbo grosso nos lombos. Os “Ladrões” são ladrões somente, são aqueles que a própria Lei já conhece; aqueles que anunciam, de “cara limpa”, e sem disfarçadas palavras: “é um assalto!”. Por isso, se não for pedir demais, que tal, colegas, andarmos por aí sempre com dez ou vinte reais no bolso (e nunca, e jamais, portando somente algum cartão de crédito), de modo que se formos abordados por um desses “senhores”, não passaremos vexame e nem pareceremos desrespeitosos aos olhos de tão dedicados “profissionais”? Também não nos esqueçamos de que quando o ladrão põe o pé para fora de casa, na direção ao seu ofício, sabe que talvez não retorne; e quando retorna, certamente, não faz conta de voltar com as mãos sem nada, abanando. E é aí que mora o perigo _falando um pouco agora de maneira mais séria (sem ironia, sem cinismo). Extremo perigo. Extremo.