Pela conclusão da Lava Jato.

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Edição n°45

Por Dr. João Luiz Barboza

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A operação levada a efeito pelo Ministério Público Federal, com atuação exemplar da Polícia Federal e do Judiciário, batizada como Lava Jato, vem prestando um grande serviço ao Brasil. Dificilmente se encontrará um brasileiro de bem que não seja totalmente favorável a ela. Políticos graúdos e empresários de projeção internacional têm sido colocados atrás das grades, surpreendendo a todos e desfazendo a máxima de que poderosos não vão para a cadeia. Certamente, o Brasil não será o mesmo após o término dessa operação. No mínimo, aqueles que forem tentados a fazer uso de recursos públicos em benefício próprio levarão em conta a possibilidade real de responder com a privação da própria liberdade.

Por outro lado, o desenvolvimento das atividades da operação tem causado grande turbulência no meio político e gerado consequências indesejáveis para a economia.  Incompreensíveis ocorrências de vazamentos das chamadas delações premiadas vêm colocando sob suspeita a maioria dos atores políticos, o que vai minando a credibilidade da estrutura de governo. Tais vazamentos devem ser investigados e os responsáveis devem ser punidos.

O suspense criado em torno dos escandalosos desvios de recursos e de todos os possíveis envolvidos não traz qualquer benefício para sociedade. Inibe as iniciativas de investimento produtivo e faz com que o desemprego continue aumentando, dificultando a vida dos trabalhadores que já se veem desocupados e de outros tantos que estão ameaçados de perder o emprego. Portanto, urge que a operação chegue a um final. Não simplesmente se extinguindo, mas concluindo os trabalhos com a responsabilização de todos os culpados.

Se a operação Lava Jato ganhou dimensão tal que a política se tornou refém do seu desfecho, é de se reconhecer que as ações do judiciário têm de ser pautadas pela lisura e prudência. Assim como não se pode permitir que eventuais culpados continuem atuando em quaisquer das áreas de governo, também não é admissível que pessoas inocentes tenham seus nomes mantidos sob suspeição. Deve-se considerar também que a complexidade dos trabalhos revela a dimensão alcançada pela corrupção no País. É importante que se chegue aos nomes e o grau de envolvimento de cada um, pois somente assim a sociedade poderá reagir e encaminhar alguma solução para a crise político-econômica que se instalou.

Chega-se ao final de um ano bastante conturbado politicamente sem que se possa prever a superação das incertezas. O recesso do Judiciário e do Legislativo contribuirá para a permanência das imprevisões sobre o desfecho da crise. A insatisfação do povo vai aumentando, pois não vendo perspectiva de melhora as pessoas vão perdendo a confiança no governo, cujo índice de reprovação já é grande, e continua crescente. Oxalá a operação Lava Jato chegue a um desfecho em curto prazo, pois somente a partir daí o País poderá tomar um rumo minimamente seguro, depurando a política, retomando a dinamização da economia e aumentando as oportunidades de emprego. É evidente que a Lava Jato não é responsável pela crise, mas a superação desta passa pela sua conclusão.