Edição n° 40
A autora confeccionou o presente artigo nas aulas de “História do Urbanismo Contemporâneo” (AUH 240), na FAU-USP- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Professor: Dr. Leandro Medrano
No Brasil há uma quantidade imensa de cidadãos sem moradia adequada, sobretudo nas grandes metrópoles, onde há uma ocupação desordenada do solo devido ao crescimento exponencial da população e a escassez de política habitacional eficaz, superando as práticas coletivas e sustentáveis. Para sanar esse déficit habitacional – que cresceu com o desenvolvimento industrial -, é necessário reorganizar as cidades por meio de estratégias que abordam a relação entre habitação social e densidade urbana.
Isto reflete as políticas econômicas excludentes que criaram altos índices de urbanização e desigualdade social, pois o capitalismo revolucionou o espaço urbano. Em contrapartida, este mesmo capitalismo proporcionou imensas desigualdades. Fronteiras socioeconômicas e físicas coincidem no espaço urbano. A população de baixa renda não tem apoio dos programas eficientes de habitação social, enfim, não há opção de moradia, senão as favelas. A segregação socioespacial é um grande problema urbano em São Paulo, visto que sua expansão acelerada também contribuiu para a formação de uma estrutura socioespacial desconexa, incidindo sob a interação entre diferentes classes sociais e a relação entre habitação e local de trabalho. No que tange a reabilitação de áreas centrais no Brasil, um dos pontos mais importantes e controversos é a relação entre a revitalização de áreas centrais e habitação social. Políticas urbanas visam equilibrar os interesses do mercado com os interesses da população, posto que a região central é de caráter cosmopolita, multifuncional, e pluralista, reunindo pessoas de todos os estilos, idades, ideais, culturas, gostos…
Para redefinir a geografia sócio espacial – excludente no atual cenário Brasileiro- é primordial construir habitações a preços acessíveis na região central. É fato que há um acirramento da segregação espacial no Brasil. Porém, há um consenso entre os pesquisadores sobre o potencial de São Paulo para se tornar exemplo de uma nova consciência urbana a fim de evitar os erros que a levaram a uma formação segregacionista e de promover o crescimento de um ambiente sustentável, conforme consta nos programas urbanos. No entanto, estas ideias não são refletidas na arquitetura.
Os projetos vencedores do concurso HabitaSampa não representam a inovação em comparação às práticas permanentes. Conforme análise de tais projetos, bem como entrevista realizada com seus respectivos autores, presume-se que foram estes influenciados pela versão brasileira do Movimento Moderno na arquitetura, onde a cidade é uma barreira para novas propostas, pois o Projeto Moderno é destinado a uma nova ideia de cidade em oposição à construção histórica, posto que a “tabula rasa” é rejeitada em favor do “existente”.