Psicólogos evolutivos de Londres e Singapura realizam pesquisa e explicam o porquê de pessoas muito inteligentes terem poucos amigos

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Edição n° 30

Por Fabiana Rodovalho Nemet

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Artigo embasado nas pesquisas citadas em “The Washington Post”, norteador de inúmeros artigos a despeito do assunto.

Os psicólogos evolutivos Satoshi Kanazawa, pesquisador da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e Norman Lee, pesquisador da Universidade de Gerenciamento de Singapura (SMU) realizaram uma pesquisa minuciosa com 15 mil pessoas entre 18 e 28 anos, moradores de áreas com densidades populacionais distintas e acostumadas a se comunicar frequentemente com os amigos. Esta pesquisa teve, como grande norteador, as doutrinas científicas estudadas pelos maiores cientistas do mundo.

Conclusão da pesquisa:

1. Pessoas que moram em locais de alta densidade populacional, de forma geral, se sentem menos felizes.

2. Para se sentir feliz, a maior parte das pessoas precisa se reunir frequentemente com seus amigos ou com pessoas que pensam de forma similar. Quanto mais comunicação próxima, maior é o nível de felicidade.

3. As pessoas com inteligência superior à média da população representam uma exceção a esta regra, pois, por possuírem nível de quociente de inteligência (QI) mais alto, tanto faz o local em que vivem, mas se portam de outra maneira, isto é, diferentemente da maioria das pessoas.

Quanto mais alto é o QI, menor é a necessidade do ser humano de se relacionar constantemente com amigos.

Observe que pessoas intelectuais, por mais educadas que demonstrem ser, não são ligadas a festas ou a coleguismos de modo geral, quer seja em escolas, faculdades, igrejas etc., além de se atrelarem a poucas atividades sociais – normalmente frequentam uma ou, no máximo, duas delas de forma periódica, por exemplo, academia ou cinema. Homens e mulheres intelectuais não sentem nenhuma atração por pessoas carentes ou muito solícitas e, em razão desta postura, geralmente são considerados “metidos” por pessoas com habilidades mentais medianas (QI normal ou abaixo da média), com costumes veementes contrários.

Não perca tempo cobrando ou fazendo observações: o cérebro de uma pessoa com habilidades intelectuais elevadas funciona de forma diferente.

De acordo com a pesquisa, constatou-se uma grande perda de tempo daqueles que pensam que essas pessoas podem mudar ou que não se relacionam socialmente por não gostarem de um membro do grupo ou de determinado lugar ou, ainda, da própria vida. Esta esperança ou conclusão está totalmente equivocada! O fato é que pessoas muito inteligentes não se ambientam com facilidade, não gostam de muitos amigos, não se socializam nas oportunidades e, normalmente, são vistas na companhia das mesmas pessoas. No entanto, é indiferente se as demais pessoas julgam a conduta dos intelectuais ou gostariam, ainda, cobra-los por determinadas ações (como exemplo, interação em grupo), pois eles não recebem críticas como sendo um ponto relevante para suas vidas, pelo contrário: é algo indiferente e até engraçado, já que a forma de vida da maioria das pessoas não é nenhum pouco atrativa para eles.

Ser inteligente é algo muito complexo: cada intelectual carrega seu próprio universo particular.

Dentro deste universo existente na mente de cada pessoa que possui essas características, a relativização de situações, questionamentos e perfeccionismo, até mesmo na escrita, estão muito presentes. Para as pessoas com inteligência superior à maioria, a vida social não é primordial, mas algo redundante; desnecessário. Ao conversarem mais de uma vez com a mesma pessoa, costumam, ainda que de forma muito rápida, mencionar suas atividades intelectuais ou eventuais planos, comumente envolvidos nestes desígnios. Por mais que disfarcem ou tentem ser simpáticos, normalmente não conseguem dar continuidade aos assuntos que, eventualmente, possam ser explorados por outra pessoa, mas que nada tem a ver com esse universo intelectual. Observe que os grandes gênios foram e costumam ser solitários. Na realidade, são poucas as pessoas que os entendem e os aceitam. Mas, como dito anteriormente, isso não é problema para eles, pelo contrário: quanto mais precisam socializar, menos felizes eles se sentem! Eles tendem a teimosia e a insistência de suas opiniões – geralmente gostam de desenvolver textos e de escrever demasiadamente. Dependendo de suas atividades e gostos, demonstram isto de alguma outra forma, por exemplo, por meio do desenho; por meio de 4 entre as 7 artes tradicionais (música, pintura, escultura, literatura) ou por meio do desenvolvimento de cálculos.

Para a pesquisadora especialista em “economia da felicidade”, Carol Graham, da Brookings Institution, em Washington, U.S.A., as pessoas mais inteligentes são mais “caseiras” e se sentem completamente satisfeitas quando fazem aquilo que as leva a conquistar determinados resultados – principalmente quando se trata de uma projeção, onde os resultados serão demorados. É por isto que esses intelectuais usam a maior parte do tempo tentando atingir metas em longo prazo. Isto, por si só, já é a própria realização; uma sensação de prazer; um universo completamente diferente do qual vivenciam as demais pessoas.

Para a referida pesquisadora, um pesquisador que trabalha na busca de vacinas contra o câncer ou um estudante e/ou escritor que está criando um romance, um livro didático ou desenvolvendo seus artigos, não precisam interagir com outras pessoas – e nem querem – mesmo porque isso poderia distrai-los de sua meta principal. Como resultado, isto influenciaria de forma negativa na sua felicidade, o que desequilibraria sua harmonia interna. De acordo com a pesquisadora, pessoas mais inteligentes são classificadas pelas demais como sendo “pessoas meio estranhas ou metidas”, mas, geralmente, são seguras do que querem e pensam em “criar” ou “desenvolver” a todo tempo, independentemente de externarem ou não suas ideias – lembrando que estas pessoas só podem ser classificadas como intelectuais por se encaixarem em todos aqueles requisitos citados nos primeiros parágrafos deste artigo. É certo que seus QIs são elevadíssimos e esta postura, que se difere das demais, advém por força do próprio cérebro, que, por sua vez, funciona de outra maneira.

O porquê disto está relacionado à história evolutiva do ser humano, intrinsecamente ligada à chamada Teoria da Savana.

De acordo com esta teoria, carregamos algo dos nossos ancestrais não só nos genes, mas também em nossa memória subconsciente. O início da história humana, mais precisamente a forma de vida dos nossos antepassados, influencia até hoje em nossa vida, sobretudo em nossa noção de felicidade. Daí tem-se a explicação relacionando que, o que é felicidade para um, pode não ser para o outro.

Em média, o círculo social dos antepassados era composto por 150 membros, que precisavam estar sempre juntos para sobreviver num ambiente hostil, pois viviam em lugares isolados, com densidade populacional muito pequena; menor que uma pessoa por quilômetro quadrado. Em outras palavras, para cada quilômetro quadrado, não havia uma pessoa!

Atualmente o mundo vive a Era das tecnologias, com uma densidade populacional imensa. Porém, é provado cientificamente que a maior parte das pessoas continua com traços comportamentais destes antepassados, os quais permanecem em nossa memória genética. A presente pesquisa descurou-se deste ponto, confirmando tal condição que diferencia as pessoas muito inteligentes da maioria: observe que os fatores comportamentais estão veemente ligados ao funcionamento do cérebro devido a esta herança genética que a maioria carrega.

Grande inteligência permite que o intelectual se adapte rapidamente às novas condições

Nas etapas da evolução humana, o cérebro dos intelectuais, ao contrário das pessoas com habilidades mentais medianas, conseguiu superar a memória do passado, desprendendo-se daquele vínculo. Este fato está mais do que evidente, tendo em vista que os intelectuais não se encaixam nos dias atuais. Isto explica o porquê das pessoas muito inteligentes terem aversão a interação social nos ambientes que frequentam (escolas, faculdades, igrejas e até ambientes familiares), podendo, então, viver conforme suas próprias leis e parâmetros sociais, isto é, preferindo viver às suas próprias condições, sem se ater às origens da maioria, simplesmente por não se identificar com elas e por ser muito feliz consigo mesma, sem precisar agrupar-se às demais, seja aonde for. Esta ideia de desprendimento, autonomia e felicidade com si mesma é a responsável por causar aquela velha impressão de “arrogância” nas pessoas com habilidades intelectuais medianas.

“Uma inteligência alta permite que a pessoa não fique dependente dos outros, e sim mantenha o foco em suas metas individuais. Pessoas inteligentes estão em harmonia com elas mesmas, e só de vez em quando precisam interagir mais intimamente com as demais”, conclui os pesquisadores.