Edição n°30
Um dos problemas que mais atingem a nossa sociedade é a anorexia. Mas o que vem a ser anorexia? Esta doença diz respeito a um distúrbio alimentar que provoca perda de peso acima do que é considerado saudável. Pessoas com anorexia geralmente possuem medo intenso de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Geralmente abusam de dietas ou de exercícios, ou, usam outros métodos para continuar perdendo peso.
Na anorexia, o paciente tem um distúrbio de imagem, no qual não consegue aceitar seu corpo da forma como ele é, ou, ainda, tem a impressão de que está acima do peso, sempre em níveis acima da realidade, o que faz a pessoa buscar maneiras de perder peso rapidamente.
Não se conhece a causa da anorexia, mas, acredita-se que fatores psíquicos e biológicos estejam envolvidos nas possíveis causas da doença. Os genes e os hormônios podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento. Atitudes sociais que promovem tipos de corpos muito magros também podem estar envolvidas. Por muito se acreditou que conflitos familiares contribuíam para a anorexia e outros distúrbios alimentares. No entanto, essa ideia não é mais difundida.
As mulheres tem mais chances de desenvolver a anorexia do que os homens – embora nos últimos anos o número de homens com esta doença tem aumentando consideravelmente. Uma hipótese para justificar isso é que a mídia e a publicidade estejam influenciando também no padrão ideal de beleza masculina, isto é, cada vez com mais frequência e intensidade, mostrando que a pressão social sobre a questão da beleza e do corpo magro não faz mais tanta distinção de gênero. Ainda assim, as mulheres continuam sendo as mais afetadas com esse quadro.
Anorexia é um distúrbio muito comum entre adolescentes, em especial por conta da pressão social existente nesta fase da vida, bem como todas as mudanças que ocorrem no corpo e na mente. Entretanto, pessoas de todas as idades podem desenvolver o problema, sendo considerado raro somente em indivíduos acima dos 40 anos.
Os principais sintomas da anorexia são:
- Sentir medo exacerbado de engordar ou ficar acima do peso ideal, mesmo quando a pessoa está abaixo de seu peso normal.
- Recusar-se a manter o peso que é considerado normal ou aceitável para sua idade e altura (geralmente, pessoas com anorexia estão no mínimo 15% abaixo do peso normal).
- Ter uma imagem corporal muito distorcida, ser muito focada no peso ou na forma corporal e se recusar a admitir a gravidade da perda de peso.
- Não menstruar por três ou mais ciclos.
- Cortar a comida (pães, legumes, verduras, carnes etc.) em pequenos pedaços ou movê-los no prato em vez de comê-los.
- Exercitar-se o tempo todo, ainda que o clima esteja ruim; a pessoa esteja machucada ou ocupada.
- Ir ao banheiro imediatamente após as refeições.
- Recusar-se a comer perto de outras pessoas.
- Usar comprimidos para urinar (diuréticos), evacuar (enemas e laxantes) ou reduzir o apetite (comprimidos para perda de peso).
O desafio chamado “tratamento”
O maior desafio no tratamento da anorexia é fazer a pessoa reconhecer que tem uma doença. A maioria das pessoas com anorexia nega que tem um distúrbio alimentar. Em geral, as pessoas somente começam um tratamento quando a doença já atingiu seu estado grave.
Geralmente, uma pessoa com anorexia precisa de vários tipos de tratamento, cujos objetivos são: recuperar o peso corporal e os hábitos alimentares normais. Um ganho de peso de 0,5 a 1,4 kg por semana é considerado um objetivo seguro pelos médicos.
Vários programas diferentes foram desenvolvidos para tratar da anorexia. Por vezes, a pessoa pode ganhar peso aumentando as atividades sociais, reduzindo a atividade física, usando programas para alimentação. Vários pacientes começam com uma permanência curta no hospital para acompanhamento, usufruindo de um programa de tratamento diário.
Necessidade de permanência prolongada no hospital:
A permanência prolongada no hospital, no entanto, pode ser necessária se:
- a pessoa tiver perdido muito peso (estar abaixo de 70% do peso corporal ideal para sua idade e altura);
- houver subnutrição grave que coloca a vida em risco, a pessoa pode precisar ser alimentada por sonda venal ou por um tubo de alimentação no estômago;
- a perda de peso continuar, mesmo com o tratamento;
- surgirem complicações médicas, tais como problemas cardíacos, confusão ou desenvolvimento de níveis baixos de potássio;
- a pessoa tiver depressão grave ou pensar em cometer suicídio
À procura da cura: a terapia e os grupos de apoio exercem papel fundamental a fim de superar esses distúrbios
Em geral, o tratamento para a anorexia é bastante difícil e exige trabalho árduo dos pacientes e suas famílias. Muitas terapias podem ser tentadas até o paciente superar o distúrbio. É preciso muita paciência e persistência, pois os pacientes podem desistir dos programas se tiverem esperanças não realistas de serem “curados” somente com terapia.
Diferentes tipos de psicoterapias são usadas para tratar de pessoas com anorexia, mas tanto a terapia comportamental cognitiva individual, a terapia de grupo e a terapia familiar são bem-sucedidas neste sentido.
O objetivo da terapia é mudar os pensamentos ou o comportamento de um paciente para encorajá-lo a comer de maneira mais saudável. Esse tipo de terapia é mais útil para o tratamento de pacientes mais jovens, que não tiveram anorexia por muito tempo. Se o paciente for jovem, a terapia pode envolver toda a família.
Grupos de apoio também podem fazer parte do tratamento da anorexia. Neles, pacientes e familiares se encontram e compartilham suas experiências pelo que passam.
Medicamentos, como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor podem ajudar alguns pacientes, desde que usados sob a devida orientação médica.
Os grupos de apoio, normalmente, são encontrados em hospitais centrais das cidades. Dalém de enfatizar a participação nestes grupos, de qualquer forma, é primordial buscar a ajuda de um médico, que auxiliará a pessoa com todos os cuidados possíveis para que, antes de mais nada, ela descubra que ganhar peso de forma correta não significa estar “acima do peso”, jamais.