Governo Sarney e a inflação.

Edição n° 23

Por Wandir Coelho Cavalheiro

 

Tudo começou com o fim da ditadura militar no Brasil, onde os militares passaram o poder aos civis e, assim, Tancredo Neves foi indicado à presidência da República pelo Senado e Câmara Federal, vencendo Paulo Salim Maluf com 480 votos contra 180. Entretanto, Tancredo morreu antes de assumir a presidência do país e, temendo uma nova intervenção militar, o governo atual achou melhor que seu vice José Sarney assumisse o cargo de Presidente da República.

Em 28 de fevereiro de 1986, o presidente Sarney, pressionado pela hiperinflação que assombrava o Brasil e tendo sua legitimidade de seu mandado questionado pela oposição, recorreu a um ato populista e, assim, decretou o congelamento dos preços e salários. Declarando uma guerra em rede nacional contra a inflação, o então presidente convocou toda a população brasileira para fiscalizar os preços, porém, em um ato astuto, imputou a responsabilidade dos altos preços nos empresários e comerciantes, implantando a medida conhecida como o “Plano Cruzado” – que teve mais de 95% de aprovação popular. No início foi sucesso nacional, só que a economia brasileira sofreu um golpe!

A propriedade privada perdeu a liberdade de compra e venda, ficando sobre o controle do poder público, isto é, em contratos bilaterais. Era permitido, por exemplo, celebrar preços decretados pelo Estado. A relação de compra e venda comum mais afetada diz respeito aos supermercados, que, por sua vez, sofreram toda sorte de marginalização, como gerentes e funcionários presos por remarcar os preços das mercadorias, sob a acusação de atentar contra economia brasileira. No entanto, os brasileiros depredavam os estabelecimentos por não cumprirem os preços estipulados pela união.

A população ficou conhecida como os “fiscais do Sarney” e contava com o apoio do extinto órgão de Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB), que lacrou milhares de comércios em todo país. A esquerda – que apoiava medidas socialistas – perdeu totalmente a visibilidade e força de influência, pois, não tinha armas ideológicas para confrontar a atual gestão. Entretanto, o governo apenas escondeu a inflação que ainda atacava o país. Com o passar do tempo as mercadorias e bens essenciais ficavam cada vez mais escassos, desaparecendo do mercado – inclusive a carne. O Brasil passou a ter longas filas nas lojas e nada para comprar. Sendo assim, surgiu um mercado paralelo, muito conhecido como “mercado negro”, comercializando comida e, especialmente, a carne – mas é claro que em um preço bem superior ao estipulado pela união. O país chegou a tal ponto que, o ministro da fazenda, Dilson Funaro, ordenou que a Polícia Federal caçasse os bois nos pastos. E assim foi feito!

Contudo, o Plano Cruzado teve eficiência por pouco menos de um ano. A sorte do país estava no fato de que, Sarney, patrimonialista nordestino, nunca foi simpatizante socialista marxista. O presidente apenas se valeu do truque a fim de tornar-se popular e, assim, manter o poder. Logo que o plano fracassou, ele não deu continuidade na implantação do socialismo totalitário – que consiste em centralizar todos os bens e meios de produção ao Estado. O país descongelou a inflação e a população voltou a sofrer com os preços altos.

É fato estarrecedor que, diante de vastos exemplos históricos existentes no mundo – e até mesmo uma sombra socialista no país – os brasileiros não entendam que essa linha de raciocínio populista é uma grande “furada”, resultando sempre em violência, escassez, caos e manipulação da população. O Brasil tem que se unir para melhorar as politicas já existentes, focando, sobretudo, na acessibilidade econômica, por exemplo, no ensino de qualidade e acesso para todos; em criações de empresas para gerar mais empregos e nas politicas de impostos para as empresas que dão apoio aos seus colaboradores que procuram se profissionalizar.

A “sombra” da miséria precisa se afastar o mais rápido possível!