A Venezuela e o socialismo: a população chora de fome e há meses que não faz uma refeição digna

Edição n° 21

Por Wandir Coelho Cavalheiro

Um dos maiores problemas da história do homem foi encontrar uma maneira de suprir suas necessidades básicas, tais como comer, vestir, morar etc. Diante desta situação, os pensadores econômicos já refletiam sobre o assunto em tela – como é o caso de Thomas Robert Malthus em seu livro “Principles of political economy”, publicado em 1820, no qual defendia uma visão pessimista sobre o futuro da humanidade. Ele afirmava que havia uma falta de concordância entre a reprodução humana e as condições de criar recursos para suprir suas necessidades. Para ser mais preciso, Malthus previa um colapso na convivência humana, caso isso não fosse suprido de alguma maneira!

O fato é que, anos depois, tais deficiências foram supridas devido o desenvolvimento das tecnologias: hoje o homem consegue extrair madeira e repô-la; produzir comida, entre outros recursos, sem causar grandes danos à natureza.

A politica econômica também foi de suma importância para o convívio dos homens em sociedade, já que, ao passar dos anos, nasceram teorias e métodos que serviram de base para controlar os recursos e sua produção. Os lideres e a constituição do país determina o funcionamento da economia, quiçá, uma das bases de funcionamento mais bem sucedido: a teoria do filósofo e economista, Adam Smith. Em seu livro “A Riqueza das Nações”, o filósofo descreve que, mesmo sem uma autoridade para controlar a interação de compra e venda dos indivíduos, parece que uma ordem cíclica e estável na sociedade acaba ocorrendo de forma natural, como se houvesse uma mão invisível controlando a economia. Logo, essa teoria é popularmente conhecida como a teoria da “mão invisível”. Claro que em qualquer sociedade tem que haver a interferência e a regulamentação de uma autoridade ou governo, regendo regulamentos; procurando sempre contornar monopólios; mercado de produtos nocivos à sociedade (armas, drogas etc) e até mesmo produtos de países vizinhos, com o mero objetivo de garantir a soberania de sua economia.

No entanto, existem governos que procuram interferir na economia como um todo, impedindo seu ciclo natural. Essa interferência é muito conhecida como “socialismo ou comunismo”, lembrando que nunca existiu um país que tenha alcançado o comunismo. O socialismo pode se resumir em um governo que controla administração pública e privada como um todo; advogam a produção e distribuição de bens com objetivo de construir uma sociedade “justa”, assim sendo, proporcionando oportunidades para todos que o compõem aquela nação socialista. A “ideia base” é linda e propõem equidade, porém, ao decorrer da história da humanidade, houve muitos exemplos fracassados em aplicar tal ideia, terminando, por vezes, em genocídios, guerras, pobreza extrema, fome etc.

O exemplo mais recente que se tem atualmente – denotando mais um fracasso socialista – é a Venezuela. Mesmo tendo a maior reserva de petróleo do mundo, este país não conseguiu manter uma economia estável. O governo de Hugo Chávez que, agora, perdura no comando de seu sucessor, Nicolás Maduro, já prevalece ao poder por 16 anos, todavia, o atual cenário da Venezuela é caótico, se assemelhando com um “pós-guerra”, tendo, continuamente, a destruição da propriedade privada e pública; o sucateamento da moeda e de preços; a restrição da liberdade de produção do comércio e indústria, e, por fim, a mais triste miséria e fome por todo o país. A fome é desesperadora, mata as pessoas aos poucos… no entanto, caminhões de alimentos estão tendo que ser escoltados por homens armados – caminhões estes similares ou até mesmo superiores os caminhões fortes que temos no Brasil. Existem guardas patrulhando armazéns, padarias, entre outros locais, os sofrem ataques frequentes de civis desesperados em busca do que comer. Por sua vez, as autoridades têm revidado com balas de borracha para conter a multidão. O país está passando por uma terrível crise econômica, a qual o deixou incapaz de produzir alimentos suficientes, o deixando também incapaz de importar o necessário a fim de suprir a fome da população. De acordo com o Centro de Documentação e Análise Social, 72% do salário da população vem sendo gasto na alimentação, fato decorrente da alta inflação. Estima-se que, para alimentar uma família regularmente, isto é, comendo ao menos três vezes ao dia, necessita-se do equivalente a 16 salários mínimos. O atual cenário é bem diferente: cerca de 90% dos venezuelanos não tem dinheiro para comprar comida, pois, segundo os estudos da Universidade Simon Bolívar, a população não faz uma refeição digna há muitos meses.

Se valendo, como exemplo, do atual cenário da Venezuela, um governo tem o dever de criar medidas sociais para permitir acesso igualitário a todos, isto é, em diversos setores da sociedade, priorizando o básico, como a saúde, a educação e a segurança, tendo uma população consciente de seus direitos e, principalmente, dos seus deveres cívicos. É pouco provável que os brasileiros passarão por problemas tão tristes como os venezuelanos. Não se deve regulamentar a economia como um todo, pois, por mais eficiente que seja a gestão e por melhor que sejam suas intenções, mexer na mão invisível, de forma direta pode acarretar danos irreparáveis à sociedade em curto prazo. Contudo, é fato legítimo que as experiências existentes na história do socialismo sempre terminaram com ditaduras, guerras e extrema miséria!