Preso por contrabando quem lutava contra a corrupção. O povo brasileiro está acordando.

Edição n° 17

Pablo Nemet

Na semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) as prisões do presidente do Senado, Renan Calheiros; do ex-presidente José Sarney; do senador Romero Jucá e do deputado afastado, Eduardo Cunha – todos da “cúpula” do PMDB – , quem acabou em uma cela foi o agente Newton Ishii, mais conhecido como “Japonês da Federal”. Em Brasília, o rebuliço aumentou ainda mais quando a deputada federal, Tia Eron (PRB-BA), que pode decidir a cassação ou não de Cunha, faltou a uma sessão do Conselho de Ética da Câmara.

O policial federal Newton Ishii colocou, nesta sexta-feira (10), uma tornozeleira eletrônica por ter sido condenado à 04 anos, 02 meses e 21 dias de prisão por facilitar a entrada de contrabando no país. A pena será cumprida no regime semiaberto harmonizado, ou seja, o agente ficará em casa com algumas restrições da Justiça – deverá estar em casa entre 23h e 5h durante a semana, além de estar impedido de sair aos fins de semana.

Ishii continuará atuando na Polícia Federal em um cargo interno. Por ora, a Polícia Federal não especificou qual será a função. Conforme a decisão, o agente não poderá sair de Curitiba e Região Metropolitana sem a prévia autorização da Justiça.

A medida alternativa foi adotada, segundo a juíza Luciani de Lourdes Tesserolli Maronezi, em virtude da falta de vagas no sistema penitenciário para o cumprimento do regime semiaberto tradicional. Falta de vagas?

Além disto, conforme a decisão, o réu é primário, não cometeu crime mediante violência ou ameaça grave e não possui outro fato que desabone a conduta do agente. Neste ponto, em concordância com o ordenamento jurídico, faz todo sentido!

O monitoramento ocorrerá até 21/10/2016, data na qual deverá ser revisto o regime.

Quando Ishii foi condenado, em 2009, era aposentado e, portanto, a Justiça não fez nenhuma determinação relacionada a trabalho. Depois da condenação, o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou sua aposentadoria irregular em razão da contagem de tempo de serviço.

Newton Ishii foi preso na terça-feira (7). O mandado foi expedido pela Vara de Execução Penal da Justiça Federal, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, em virtude da Operação Sucuri, pela qual descobriu-se o envolvimento de agentes na entrada de contrabando no país, mais precisamente pela fronteira.

Ao saber da decisão, Ishii se apresentou espontaneamente na Superintendência da Polícia Federal da capital paranaense. Na quarta-feira (8), foi levado para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.

De forma silenciosa, o contrabando afeta a vida de milhões de pessoas. Essa prática criminosa pode gerar desemprego; afetar as indústrias nacionais e, até mesmo, afetar a saúde das pessoas.

É veemente absurda a maneira de como a corrupção se instalou no Brasil, de forma abrangente e extrema. Quando achamos que profissionais estão fazendo um trabalho correto em detrimento ao fim da corrupção, descobre-se que estes são corruptos também! Todavia, já existe uma grande parcela da população brasileira que defende o fato desta geração corrupta estar chegando ao fim, “pela graça do bom Deus”. A princípio, faz-se mister lembrar que esta parcela é eleitora! Contudo, é fato que a próxima geração de políticos; jornalistas; fiscais; policiais etc. estará voltada a outro modelo político – ainda que no regime da democracia, é claro – devido a todos esses fatos que estamos vivenciando em tempos contemporâneos. Ora, a própria análise econômica nos mostra que, infelizmente, está mais do que evidente que este reflexo negativo perdurará como anos de prejuízos na vida do povo brasileiro, razão pela qual se dará as mudanças, dia após dia, de forma exponencial. Afinal, o povo brasileiro está acordando e muitas coisas ainda hão de mudar; feridas hão de sanar; cabeças hão de rolar.

Juntos, participaremos do novo cenário brasileiro!