O DITO PELO NÃO DITO

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Edição n° 11

Por Adailton Ferreira

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Diz um dito, que vem sendo repetido exaustivamente pelo tempo, que “boca fechada não entra mosca”. Não sei se é bem assim, tenho minhas dúvidas. Na verdade, guardo ressalvas quanto a essas coisas que as pessoas assimilam, sem saber de onde, de quando, ou mesmo, de quem vem. Lembrando que boca fechada não opina, não orienta, não educa, não pede desculpas, não questiona, e muito menos se alimenta. Não se pode levar, à risca, os ditos; eles podem ser classicamente populares, mas nem sempre são humanamente sábios. Muitos ditos, criados ao longo dos anos, dão a impressão de que surgiram como um subterfúgio à oratória, ou seja, um subterfúgio ao empenho de quem tenta convencer; e se alastram, se tornam úteis, conforme algumas necessidades e conveniências. Não se pode levar a “literatura do dito” como palavra de ordem no decorrer dos dias. É preciso que se reflita sobre em qual situação ele pode, ou não, se adequar. E mais: é preciso ponderar que quem vai devagar nem sempre se vai longe, ou mesmo, que todo pau que nasce torto nem sempre morre torto (basta utilizarmos uma tala de madeira, quando o galho ainda for pequeno, para melhor direcioná-lo) ou ainda, que podem existir pedras que não furam com o bater da água “nem que a vaca tussa” (este é de rir, não se pode negar!).

Noutras palavras, temos que tomar muito cuidado com todos os efeitos de qualquer frase feita. Às vezes, o dito pode ficar pelo não dito, e aí o que fazer? Mesmo porque, será que quem cala realmente consente, ou não será o silêncio, em determinados momentos, um exercício da sabedoria?