Bairro Vila Lourdes – moradores reclamam de descaso da prefeitura: há mais de 50 anos nascente jorra água que poderia ser aproveitada em prol da sociedade.

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Edição nº 10

Por Pablo Nemet

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Há algum tempo, estamos vivendo com a constante ameaça de falta de água devido à escassez de chuvas. Para tanto, o município de Carapicuíba sofreu um intenso racionamento de água nos últimos anos, sob a alegação de que a mesma estava em falta.

Mas, na última semana, um dos munícipes, sr. Chicoo César, chamou a Folha Carapicuibana a fim de mostrar que esta não é toda a verdade. O fato é que, no bairro da Vila Lourdes, existe uma nascente que jorra água por, no mínimo, 58 anos, sem parar! Segundo o proprietário da casa na qual a fonte se encontra, sr. Fernando, quando ele a comprou, a mina d’agua já existia e, o mais surpreendente: a mina já jorrava água!

É sabido que, na maioria dos casos, estas bacias de água embaixo do solo são resultantes da água da chuva, infiltradas neste solo e acumuladas no lençol freático. Sendo assim, em determinadas áreas é muito comum a caracterização deste acúmulo de águas, fontes de suma importância para a humanidade.

Segundo o professor Paulo Santana Castro, do Centro de Produções Técnicas, especialista em “Recuperação e Conservação de Nascentes” , atualmente a água vem sendo apontada como um recurso natural de altíssimo valor econômico, estratégico e social, posto que todos os setores de atividade humana dependem, direta ou indiretamente do uso da água, a fim de desempenhar suas funções.

A título de exemplo, a água jorrada no bairro Vila Lourdes é utilizada para lavar automóveis; roupas; alguns moradores da região enchem baldes para lavar o quintal e, na oportunidade, tem quem tome banho e até beba desta água!

Pelo cálculo estimado, em apenas 03 minutos a nascente enche cerca de 24 litros, ou seja, em um dia são desperdiçados cerca de 11.520 mil litros de água e o governo nunca tomou as providências cabíveis a fim de aproveitar este recurso hídrico. Isto quer dizer que, no período de 01 ano, são desperdiçados cerca de 4.204.800 milhões de litros de água e, nestes 58 anos – desde que o sr. Fernando adquiriu o imóvel – , foram desperdiçados 243.878.400 milhões de litros de água.

Com toda essa água, o governo local pode lavar escolas e demais repartições públicas; ruas de feiras; veículos dos órgãos públicos, tais como as ambulâncias, viaturas etc…

Os moradores não estão dizendo que o Prefeito Sergio Ribeiro (PT) deveria cortar o acesso da população a água, pelo contrário. De acordo com Fabio Miraflores Nemet, especialista no assunto e membro da Associação dos Engenheiros da SABESP (rua Treze de Maio, 1642- casa 01- Bela Vista- São Paulo), o correto seria construir uma estrutura para que a água não fosse totalmente desperdiçada, pois, em todas as partes do mundo, inúmeros órgãos governamentais e não governamentais, buscando minimizar o desperdício e a degradação da água, tem se empenhado em criar meios que visam despertar uma consciência para o uso racional deste recurso natural, em especial, da preservação dos seus mananciais.

Levando em conta o raciocínio do especialista, a Folha Carapicuibana citará, para o conhecimento dos nossos leitores, a “Declaração Universal dos Direitos da Água”, documento publicado em 22 de março de 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a qual instituiu o “Dia Mundial da Água”.

“A presente Declaração Universal dos Direitos da Água foi proclamada tendo como objetivo atingir todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações, para que todos os seres humanos, tendo esta Declaração constantemente presente no espírito, se esforcem, através da educação e do ensino, em desenvolver o respeito aos direitos e obrigações nela anunciados e assim, com medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e sua aplicação efetiva.

  1. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
  2. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela, não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
  3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
  4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Esse equilíbrio depende em particular da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
  5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
  6. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
  7. A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
  8. A utilização da água implica respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Essa questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
  9. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
  10. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.Contudo, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, a Folha Carapicuibana constatou que, assim como o sr. Francisco César e o sr. Fernando, os demais moradores do bairro Vila Lourdes, muito conscientes de seus direitos e obrigações, demonstram total percepção que o ser humano possui acerca do que é moralmente certo ou errado em atos coletivos e individuais. Sendo assim, ao nos contatar, os mesmos fazem um apelo ao prefeito, sr. Sérgio Ribeiro, solicitando uma visita por parte do órgão responsável para que haja a tomada de providências, visando a melhor distribuição do recuso.

Pablo Nemet, Colunista Político.

Créditos

A Folha Carapicuibana agradece a contribuição do Ferroviário e Programador de Software pela NS Technollogy, Fabio Miraflores Nemet, especialista em “Reuso de água” (água cinza/gestão integrada de recursos hídricos) e membro da Associação dos Engenheiros da SABESP (rua Treze de Maio, 1642- casa 01- Bela Vista- São Paulo).

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