Edição n°3
Desde a noite de quinta-feira, três seguranças e um assessor de Lula faziam plantão em seu apartamento, em São Bernardo Do Campo, na região do ABCD Paulista. Segundo a Revista Veja, os policiais entraram com quatro carros na garagem do prédio e interfonaram para o apartamento de Lula. Um empregado os atendeu e solicitou que aguardassem – pois os mesmos tinham que subir até o apartamento. Naquele instante, o porteiro avisou o síndico do prédio que, logo desceu, levando os agentes da garagem ao apartamento. Lula, que já havia tomado o café da manhã, abriu a porta aos policiais. Ainda, segundo a Revista Veja, o petista, que vestia um terno azul marinho bem escuro e calça jeans, entrou em um carro descaracterizado da Polícia Federal e seguiu para o Aeroporto de Congonhas, onde depôs por três horas e 40 minutos. Ao final de seu depoimento, serviram a ele um café pequeno. Segundo os agentes, Lula não levou telefone celular e, no trajeto de ida, ficou calado e aparentava estar abatido, “com cara de quem não dormiu a noite inteira”, relatam os policiais.
Ao findar do depoimento, Lula foi ao encontro de aliados e amigos que o aguardavam em uma das salas de embarque, destinada a autoridades. Entre eles, estavam o ministro-chefe da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini; os deputados petistas José Mentor (PT), Paulo Teixeira (PT) e Vicente Cândido (PT); o secretário de transportes do município de São Paulo, Jilmar Tato e o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB). A propósito, Orlando foi o primeiro a chegar no local, resolvendo comandar as ações de manifestação de apoio ao ex-presidente investigado.
Sabe-se que foi nesta sala, por meio de seus assessores que Lula teve ciência da presença dos militantes, os quais gritavam palavras terríveis em frente ao prédio anexo ao aeroporto, onde, alguns dos seus assessores apareceram fazendo o sinal da marca do petista com os dedos indicador e polegar. O investigado até quis sair pela porta da frente, mas mudou de ideia rapidamente ao notar a hostilização de muitos, na verdade, em quórum maior. Com isto, ele saiu escondido pelas portas dos fundos, aparentando muito cansaço. Segundo os agentes, o petista estava bem mais abatido do que na ida.
De acordo com a revista, ao cumprir mandado de busca e apreensão no Instituto Lula, localizado no bairro do Ipiranga, os policiais tiveram sua entrada facilitada pelo porteiro, vulgo “Baianinho”, quem, de alguma forma, segundo os agentes, demonstrava saber que auditores da Receita Federal iriam ali naquele dia. No entanto, foi encontrado no local “bem menos do que imaginavam”, presumindo um suposto vazamento de informações da operação Lava-Jato. Na inocência, Baianinho acabou contando que já esperava há dias pela chegada dos agentes ao Instituto, razão pela qual o cenário estava veemente preparado: todos os armários abertos; um cofre vazio e ausência de notas fiscais da entidade entre os anos de 2010 e 2015, isto é, não havia nenhuma delas nos arquivos do instituto!